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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Série Passos Na Fotografia - Lentes Intercambiáveis

Se você optou por comprar uma câmera compacta, simples ou avançada, ou uma superzoom, essa parte da série servirá apenas a título de informação, visto que não precisará se preocupar com lentes por enquanto. Mas, se a opção foi por alguma das outras categorias citadas no post anterior, a questão que vem em conjunto quando se decide por câmeras de lentes intercambiáveis são as lentes em si.

Assim como no primeiro post da série, buscarei elencar algumas características que considero importantes em uma lente de maneira geral. Existem algumas classificações aceitas entre os fotógrafos que são interessantes para guiar uma compra inicial ou, ainda, para auxiliar na decisão entre duas lentes. Porém, a partir do momento que se inicia no mundo da fotografia, a sua experiência e rumos que queira dar ao seu trabalho ou hobby é que irão ditar as escolhas de lentes.

Em primeiro lugar, entender as definições de distância focal e abertura do diafragma é fundamental para entender as diferenças de uma lente, ou objetiva como é também conhecida, para outra.

Características Básicas


Estas características básicas são itens que são comuns a todas as lentes e relacionam-se diretamente ao seu uso na fotografia, tanto do ponto de vista de do que se deseja fotografar (distância focal), quanto como se deseja fotografar (abertura). Assim, poderá entender um pouco mais quando vir na descrição de uma lente que ela é 50mm f/1.8, por exemplo.


Distância focal


Numa definição tirada da wikipedia, "A distância focal de uma objetiva é determinada a partir dos pontos nodais até dos focais, ou seja, é a distância, em milímetros, entre o ponto de convergência da luz até o ponto - sensor ou filme em máquinas fotográficas e filmadoras - onde a imagem focalizada será projetada." Ou, em resumo, é a denominação em milímetros de uma lente que expressa o ângulo de visão que ela proporciona e, consequentemente, a distância aparente dos objetos focalizados. Assim, a grosso modo, quanto maior o valor em milímetro, mas longe conseguimos ver. 

A partir dessa definição, as lentes são classificadas em grande angulares, normais ou teleobjetivas. Sendo que:

  • Grande angulares são assim denominadas pelo amplo ângulo de visão - valores de milímetros baixos;
  • Normais são lentes que proporcionam um ângulo de visão mais próximos ao do olho humano - geralmente são milímetros que se aproximam da extensão da diagonal do sensor ou filme, sendo de cerca de 35mm em um sensor APS-C ou 50mm em um sensor Full frame, por exemplo;
  • Teleobjetivas são as lentes que propiciam tirar fotos de objetos mais distantes, milímetros maiores, geralmente associadas ao termos de zoom (mas aprenderá com o tempo que zoom é a relação de aproximação que uma lente proporciona, entre suas maior e menor distância focal e não o valor específico de milímetros).
Exemplo de diferente distâncias focais e o ângulo de visão que proporcionam.

Abertura  


A abertura de uma lente está relacionada com a quantidade de luz que uma lente consegue captar através de seu diafragma para o sensor (ou filme) da câmera. Na nomenclatura de uma lente, é o número que vem acompanhando um "f/" e representa a relação entre o diâmetro da abertura do diafragma e a distância focal da lente. As lentes modernas possuem abertura variável e este número representa a maior abertura que é possível atingir, mas que pode ser fechado de acordo com o tipo de exposição que o fotógrafo deseja fazer, de quanto de luz ele precisa captar, a sua influência na profundidade de campo, etc.

Matematicamente falando, f = DF/A, onde DF = distância focal e A = abertura. Pode-se, portanto, notar que quanto maior o número f, menor é a abertura física. Assim,  f/1.0> f/1.4> f/1.8 > f/2> f/2.8> f/4> f/5.6 e assim por diante. A cada passo de abertura em que se dobra a quantidade de luz que entra na lente, diz-se que a sua exposição aumentou em um stop ou um valor de exposição (EV).

Exemplo de diferentes aberturas de um mesmo diafragma.

Talvez o efeito mais buscado com uso da abertura é o controle de profundidade de campo, que além da influencia do tamanho do sensor como citado aqui, é extremamente influenciado e definido pela combinação entre distância focal e abertura. Mais especificamente relacionado a grandes aberturas, que facilitam conseguir o efeito de desfoque de parte do quadro, ou o famoso fundo desfocado. Enquanto, por outro lado, pequenas aberturas permitem que todo o quadro esteja em foco. Este tutorial explica bem o que é profundidade de campo, que é um conceito muito importante dentro da fotografia.

Tipos de Lentes


Zoom vs Prime


Existem duas grandes subdivisões na classificação de lentes, que deparamos assim que começamos a vasculhar um pouco mais sobre lentes: lentes de distância focal fixa (primes) ou lentes com distância focal variável (zoom). Estas oferecem uma flexibilidade de aplicações para o fotógrafo, permitindo a sua aplicação em diferentes categorias, enquanto as primes geralmente oferecem uma melhor qualidade de imagem a um preço mais acessível, devido a sua construção relativamente simples quando comparadas Às zooms. Geralmente, as lentes zoom claras, que possuem maior abertura, são caras e pesadas quando comparadas a primes claras.

Exemplo de uma lente prime da Nikon e uma zoom da Canon. Praticamente todos os sistemas de lentes intercambiáveis possuem lentes primes e zooms.

É importante notar que existe uma particularidade na expressão da abertura em uma lente zoom em relação às fixas, visto que, nas zooms mais baratas, a abertura máxima pode variar de acordo com a distância focal. Assim, uma lente de kit que geralmente acompanha as câmeras de entrada tem sua nomenclatura como expresso abaixo:

18-55mm f/3.5-5.6, onde:

  • 18mm é a menor distância focal da lente
  • 55mm é a maior distância focal da lente
  • f/3.5 é a maior abertura em 18mm
  • f/5.6 é a maior abertura em 55mm

Daí pode-se concluir que não será possível a utilização de abertura maior que f/5.6 (f/4.5, f/4/, f/3.5) quando a lente estiver em sua distância focal máxima. o uso de f/3.5 apenas será possível em 18mm ou um pouco mais que isso. Quando uma lente zoom possui apenas um valor após o f/, como por exemplo, 70-200mm f/2.8, quer dizer que é possível utilizar abertura f/2.8 mesmo estando com a lente em 200mm. Acho o conteúdo do Cambridge in Colour bastante interessante para esclarecer esses pontos.

Classificação por Aplicação


Regras gerais em fotografia sevem apenas para orientar o fotógrafo em um ponta-pé inicial, pois com experiência é possível conseguir bons resultados com qualquer equipamento de qualidade (espero um dia chegar a esse nível). Nesta linha, existe um senso comum sobre a aplicação de determinadas distâncias focais e aberturas de acordo com o tipo de fotografia que se deseja fazer. Mas, como quase toda regra, existem exceções e pode-se utilizar uma lente para qualquer aplicação.

Abertura:


  • <f/4 para retrato de pessoas: grandes aberturas proporcionam fundo desfocado;
  • >f/8 para fotos de paisagens: pequenas aberturas permitem que todo o quadro esteja em foco.

Distância focal:


  • Grandes angulares (<35mm) para paisagens: devido ao grande ângulo de visão oferecidos, permite que obtenha uma imagem mais aberta. Há situações, porém, que grandes distâncias focais permitem um melhor enquadramento quando se tem uma paisagem distante;
  • Normais (35mm < 50mm) para fotojornalismo: geralmente com o uso de lentes fixas para mais discrição, esse range de distância focal é preferido pela sua proximidade com o ângulo de visão que temos a olho nú;
  • Teleobjetivas curtas (85mm < 200mm) para retratos de pessoas: devido à distância que o fotógrafo deve se manter da pessoa fotografada com essas distâncias focais, evita-se uma compressão de planos mais pronunciada, evitando que o rosto das pessoas pareçam mais largos e achatados. Combinadas com uma grande abertura maximizam o efeito de desfoque, conhecido como bokeh
  • Teleobjetivas longas (>200mm) para esportes e vida selvagem: por serem assuntos que demandam uma distância considerável para a localização do fotógrafo, são as lentes mais utilizadas para estes tipos de fotografia. 
A Sigma 300-800mm f/5.6 EX DG HSM impressiona com o seu alcance e abertura constante de 5.6 em todo o range.

Afinal, Qual Lente Comprar?


As câmeras de entrada, e até mesmo algumas avançadas, são oferecidas com lentes de kit, quando o fabricante oferece um desconto significativo na lente por estar sendo comprada em conjunto com a câmera. São lentes com especificações relativamente modestas, compostas em sua maioria por lentes zoom de abertura variável, mas que oferecem uma qualidade muito boa para o preço pago no kit. A boa qualidade que oferecem, aliado à variedade de distâncias focais cobertas por essas lentes, permitem que o fotógrafo iniciante pratique bem os conceitos fotográficos e, com tal prática, defina qual tipo de lente mais atende ao seu estilo fotográfico antes de fazer um investimento mais pesado.



Desse modo, caso ainda não tenha um estilo fotográfico definido ou dinheiro sobrando para comprar lentes mais caras, é bastante seguro começar com a melhor lente de kit disponível junto com a câmera que deseja comprar e, com o tempo, investir em lentes que venham a complementar o resultado final que procura. Vale lembrar também que as distâncias focais são expressas com o ângulo de visão em filme 35mm ou sensor full frame. Portanto, deve-se aplicar o fator de corte do tamanho do sensor da câmera para se obter a distância focal equivalente. Por exemplo, uma lente 35mm em um sensor APS-C seria equivalente a 35 x 1.5 = 52.5mm. Ou seja, seria aproximadamente equivalente a se utilizar uma lente de 50mm em uma câmera com sensor FF. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Série Passos Na Fotografia - Com Que Câmera Eu Vou? Parte 2

Nesta segunda parte do primeiro assunto da Série Passos Na Fotografia, iniciada no post anterior, descrevo as categorias de câmeras fotográficas de maneira a tornar mais compreensível as comparações entre modelos, tanto de maneira direta, quanto indireta. É importante entender as categorias, assim como os recursos de cada câmera para tornar as comparações mais equalizadas em relação ao preço de cada equipamento e a sua necessidade. Os modelos são aqui citados como exemplos e não como os melhores, pois isso apenas a sua necessidade e orçamento poderão definir. Vale lembrar que há uma grande variedade de modelos disponível em cada categoria e, ainda, categorias que não abordarei aqui como as câmeras mais caras da Leica e câmeras de médio formato(Mamiya Phase One, Pentax 67D, Leica S, etc.).

Digitais Compactas


Esta categoria, certamente, é a mais popular em nossa sociedade devido ao custo reduzido, portabilidade e facilidade de uso, que são atrativos para quem quer uma câmera apenas para fazer registros pessoais sem maiores ambições. Tradicionalmente, são consideradas compactas câmeras de tamanho reduzido que não permitem troca de lentes. São câmeras que, em sua grande maioria, possuem sensor pequeno, variando entre 1/3" a 2/3" de diagonal, sendo que a maior parte das compactas baratas disponíveis no mercado possuem sensor de tamanho 1/2.33". 

Exemplos de compactas avançadas com sensores de tamanho 1/1.7", 2/3", 1" e 1.5".

Devido à grande limitação de qualidade de imagem que é possível alcançar com tamanhos reduzidos de sensor, as compactas mais básicas, com sensores de tamanho entre 1/3" e 1/2.33" principalmente, perderam muito espaço para as câmeras de smartphones recentemente. As compactas avançadas, geralmente com sensores entre 1/1.7" e 2/3", ainda atraem os que procuram um pouco mais de qualidade associada à portabilidade das compactas, mas que não podem ou não querem dispender grande quantidade de dinheiro em uma câmera. 

Exemplos de compactas super avançadas, bastante especias com sensores de tamanho APS-C e FF. Para ser possível manter o tamanho relativamente compacto, essas câmeras possuem lentes fixas (sem zoom).

Em decorrência dessa concorrência cada vez mais acirrada das câmeras dos celulares, os fabricantes têm investido bastante em tornar as compactas avançadas mais atrativas para servir tanto de câmera principal para quem está com um orçamento curto, como para ser a segunda câmera de fotógrafos, para momentos em que queira tirar um descanso do peso do equipamento grande. Com isso em mente, existem hoje opções de compactas com sensores de 1", APS-C e até FF. Claro que o tamanho do sensor vem com o preço associado, chegando a se comparar com preço de DSLRs em alguns casos.

Câmeras Superzoom


As superzoom são câmeras que são comercializadas no Brasil como semi profissionais. Acredito que usaram essa estratégia para justificar o preço elevado frente às compactas convencionais, além do seu porte geralmente maior, tanto por questões de estética como por melhor ergonomia. Mas, as superzoom são montadas com base em sensores pequenos, usualmente de 1/2.3", chegando atualmente a um máximo de 1", para permitir o tamanho reduzido de lente para tanto zoom. As mais recentes chegam a ter 60X de zoom óptico. Isso em uma DSLR seria enorme. Entretanto, a combinação de sensor pequeno com os compromissos ópticos que se assume para se obter esse zoom em uma única lente acaba prejudicando a qualidade da imagem. Portanto, são indicadas para aqueles que queiram uma câmera versátil e portátil, mas com um alcance de zoom muito longo. Para os que procuram uma qualidade de imagem melhor, é mais indicado pegar uma compacta premium com sensores de tamanho a partir de 1/1.7".

A Sony HX1 com os seus impressionantes 20X de zoom óptico para a época foi a câmera que despertou o meu interesse por fotografia. Hoje também já existem superzooms de tamanho mais compacto, além de um aumento gradual de alcance do zoom de algumas compactas avançadas.

Mirrorless (Câmeras sem Espelho)


As câmeras mirrorless tornaram-se muito populares ultimamente como uma alternativa portátil e de qualidade às DSLRs (Digital Single Lens Reflex, que possuem sistema de espelho para realizar funções essenciais à fotografia, como medição de exposição e foco). Essas câmeras caíram nas graças dos fotógrafos pela qualidade que os seus fabricantes têm dedicado aos modelos desses sistemas, aliado ao tamanho reduzido em relação às DSLRs, que foi possível devido à remoção do espelho. As perdas funcionais dessas câmeras em relação às reflex, como velocidade e precisão de foco, não chegam a ser comprometedores para a grande maioria dos amadores. Com a recente evolução desses sistemas, alguns fotógrafos começaram a usá-las profissionalmente inclusive.


Símbolo do sistema micro 4/3 formado por mirrorless Panasonic e Olympus.

Assim como nas reflex, cada fabricante optou por lançar o seu sistema de lentes, sendo que a Panasonic se uniu à Olympus no chamado consórcio micro four thirds (micro 4/3 em referência às dimensões do sensor adotado). Listo abaixo os nomes dos sistemas de baionetas (mounts) de mirrorless dos principais fabricantes:

  • Canon - mount EF-M (sensor APS-C)
  • Fujifilm - série X (sensor APS-C)
  • Nikon - sistema 1 (sensor de 1")
  • Panasonic e Olympus - m4/3 (sensor 4/3")
  • Samsung - modelos NX
  • Sony - NEX E mount (sensor APS-C)
  • Sony - mount FE (sensor FF)

A Pentax arriscou um modelo sem espelho mantendo o seu tradicional mount K, mas não há sinais de continuidade de investimento neste segmento, pelo menos por enquanto.

A Sony Alpha 7R foi a primeira mirrorless de lentes intercambiáveis a portar um sensor FF. Devido ao tamanho do sensor, o ganho em termos de portabilidade é alcançado com o uso de lentes de distância focal fixa. Visando redução de tamanho, a Sony criou o novo mount FE em vez de utilizar o tradicional mount A das DSLRs/SLTs da marca.


DSLR


As DSLRs (Digital Single Lens Reflex ou Câmera Reflex Monobjetiva Digital) são, provavelmente, o que a maioria de nós conhecemos como câmeras profissionais. Não sou muito adepto ao uso dessa terminologia, pois qualquer câmera pode ser usada profissionalmente, gerando algum tipo de receita para o fotógrafo (hoje em dia há fotógrafos que usam seus smartphones!). Como já citado antes, o uso de mirrorless está também se tornando comum entre alguns ramos da fotografia profissional. Porém, o termo é cunhado no intuito de indicar que essas câmeras possuem recursos que otimizam e facilitam a vida dos profissionais. O grande diferencial técnico ainda é em relação aos sistemas de foco das DSLRs tops que as mirrorless ainda não atingem, mas que já competem com as reflex de entrada e, também, a disponibilidade de acessórios.

Geralmente, há uma subdivisão de categorias no mundo das DSLRs, situando os modelos entre os ditos de entrada, intermediárias e avançadas. Essa subdivisão está tradicionalmente associada aos recursos disponíveis em cada segmento, sendo que as de entrada e intermediárias usam sensores APS-C e as avançadas FF. Há, porém, variações de acordo com cada fabricante. A Pentax, por exemplo, não possui uma DSLR com sensor Full frame, mas as suas câmeras apresentam recursos muito avançados, incluindo selamento ao tempo (weather sealing). Canon e Nikon recentemente introduziram ao mercado câmeras FF de entrada, com preço ligeiramente acima das intermediárias com sensor APS-C. 


O nome desse tipo de câmera deve-se ao sistema de espelho utilizado para captura de imagem. 
Fontes das imagens: ricardovilelaphotography e wikipedia.

Por se tratar de um tipo de câmera que existe desde os tempos de filme, tendo fundamentalmente mudado a película pelo sensor, a disponibilidade de acessórios e lentes para DSLRs, seja das marcas proprietárias, de terceiros, ou ainda através de adaptadores é muito grande. A Nikon mantém o mount F até hoje e suas câmeras são compatíveis com as lentes da marca fabricadas desde 1959. A Canon, apesar de ter decidido mudar o mount quando criou o sistema EOS compensou seus usuários com uma variedade e qualidade lentes que supera qualquer outro sistema. E, ainda, é possível utilizar uma grande quantidade de lentes manuais antigas através de adaptadores. A Pentax tem o seu espaço no mundo muito devido a sua manutenção do mount K, que dispõe de uma boa variedade de lentes. Já a Sony entrou no mercado das DSLRs há alguns anos comprando a Minolta e herdando dela o mount A, usado em sua linha Alpha de DSLRs e SLTs. A Olympus fez sua incursão no mercado das DSLRs usando um sensor 4/3. Aparentemente, o resultado financeiro não foi bom e o foco da empresa em sido o sistema mirrorless micro 4/3.

SLT


SLT (Single-Lens Translucent) é a designação da Sony para as suas câmeras com um sistema de espelho semitransparente fixo. Em vez de ser um espelho móvel como nas DSLRs, neste tipo de câmera, o espelho permanece fixo, desviando apenas parte da luz para o sistema de medição/foco e a maior parte segue para o sensor continuamente. A grande desvantagem desse sistema é a perda de 1/3-stop de luminosidade na captura da imagem devido à porção refletida pelo espelho. Mas, devido ao espelho fixo é possível alcançar altas taxas de imagens por segundo (fps) e manter autofoco por detecção de fase continuamente durante captura de video e usando o live view. A Sony possui modelos com sensores APS-C e FF.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Série Passos Na Fotografia - Com Que Câmera Eu Vou? Parte 1

Seguindo um dos objetivos do blog, que é registrar o progresso pessoal na arte da fotografia, começo uma série à qual resolvi chamar de "Série Passos Na Fotografia" para revisar pontos marcantes por que passei neste curto período de dedicação a esse hobby. Tentarei seguir uma ordem cronológica dos assuntos, considerando a sequência que eles tomaram espaço no processo de aprendizado. Como toda revisão, certamente servirá para consolidar alguns conceitos e relembrar outros. Existe muito conteúdo na internet, mas muitas vezes em inglês ou de maneira solta e pode levar tempo para entender como um todo. Espero que algum leitor possa tirar proveito do conteúdo aqui postado para seu próprio aprendizado. 

Alguns exemplos de câmeras fotográficas

Neste primeiro post da série, o tema abordado será a compra da primeira câmera e estará dividido em mais de uma parte. É algo que pode parecer simples para muitos, mas que pode ser uma dor de cabeça quando se decide levar o hobby um pouco mais a sério. As alternativas são muitas e, quase sempre, há mais de um modelo/marca que lhe agrada e, aí, haja dúvida. Ultimamente, algumas marcas que haviam ficado para trás na mudança de filme para digital voltaram a apresentar excelentes novidades e, como o número de brasileiros adquirindo câmeras fora do país tem aumentado, a diversidade fica bastante acessível. Por isso, uma das primeiras perguntas que a pessoa deve se fazer quando está definindo uma câmera é quanto está disposta a gastar. Definir o orçamento, mesmo que este venha a sofrer pequenas modificações e ajustes, ajuda bastante a limitar as opções de compra, pois tratando-se de fotografia, é possível gastar o quanto for possível imaginar! 

As características que considero mais importantes a se observar ao fazer a escolha de uma câmera e nas quais me basearei ao longo da série estão listadas abaixo. Acho interessante, pelo menos, ter noção a respeito dessas informações antes de dispender uma quantia considerável de dinheiro em equipamento fotográfico.

Tamanho do sensor


Ao longo desta série, farei referência aos sites que foram minhas fontes primárias de informações sobre fotografia à medida em que os assuntos forem surgindo para evitar que os posts fiquem muito grandes, assim como proporcionar informações de boa qualidade.

O sensor é, talvez, a parte mais importante de um corpo de câmera (para quem ainda não tem muita intimidade com o assunto, em câmeras com lentes intercambiáveis, chamados de corpo a câmera sem a lente acoplada). Ao longo da migração para digital, foram feitas muitas analogias com as câmeras de filme, entre elas a nomenclatura dos sensores, sendo os mais comuns:

  • Full Frame - para câmeras com sensores do tamanho de filme 35mm  (36 mm x 24 mm);
  • Médio Formato - para câmeras com sensores do tamanho de filme 120 (60 mm x 45 mm);
  • APS-C - para câmeras com sensores do tamanho de filme homônimo (24 mm x 16 mm);
  • APS-H - para câmeras com sensores do tamanho de filme homônimo (30 x 16 mm);
  • Compactas - para câmeras com sensores do tamanho de filme super 8 (5,4 x 4,8 mm ou 1/2.3" de diagonal).

À medida que o universo digital foi evoluindo, outros tamanhos de sensor foram se popularizando, com compactas de sensores um pouco maior e mirrorless (câmeras sem espelho, que estão se tornando populares recentemente), tais como:

  • Compactas com sensor de tamanho 1/1.7" de diagonal;
  • Compactas com sensor de tamanho 2/3" de diagonal;
  • Compactas e mirrorless com sensor de tamanho 1" de diagonal;
  • Mirrorless com sensor de tamanho 4/3" de diagonal.

Atualmente, também já existem compactas e mirrorless com sensores APS-C e Full Frame (FF).

O diagrama abaixo resume os tamanhos de sensores digitais existentes no mercado.

Fonte da magem: wikipedia.org

O tamanho do sensor geralmente está associado ao controle que se tem sobre a profundidade de campo (DOF - depth of field em inglês), característica que permite desde compor uma imagem com todo o quandro em foco até o infinito, até estabelecer o foco em um assunto específico, deixando regiões do quadro desfocadas, chamadas de bokeh. Resumidamente, quanto maior o sensor, é mais fácil e possível conseguir um maior desfoque. 

Porém, como tudo em fotografia, tem o seu preço atrelado. Devido ao custo de produção dos sensores, câmeras com sensores maiores são mais caras que câmeras com sensores menores, com algumas poucas exceções. O sistema como um todo fica mais caro com o tamanho do sensor, pois as lentes acabam sendo também mais caras por terem mais material (vidro) para cobrir uma área maior de sensor. Devido a isso, câmeras de médio formato hoje em dia estão muito restritas a profissionais de grandes estúdios ou hobbistas com dinheiro para gastar. As câmeras FF estão, timidamente, tornando-se mais acessíveis, enquanto o formato mais popular entre hobbistas e profissionais de entrada, talvez, seja o APS-C, que acabou sendo a porta de entrada no mundo das DSLR (câmeras de lentes intercambiáveis com um sistema de espelho para captura da imagem) devido ao baixo custo quando comparado com FF e médio formato.

Para o público em geral, as câmeras mais baratas são as compactas com sensores de 1/2.3". Mais recentemente, o consórcio micro 4/3" formado entre Olympus e Panasonic levaram câmeras sem espelho (mirrorless) a um patamar de qualidade comparável com DSLRs com sensores APS-C, compensando a pequena perda de controle de DOF com uma maior portabilidade. Sony e Fuji optaram por câmeras sem espelho com sensores padrão APS-C, sendo que a Sony lançou recentemente uma sem espelho com sensor full frame.

Qualidade de imagem 


A qualidade de imagem está intimamente ligada à qualidade do sensor que está, geralmente, associada ao seu tamanho. Recentemente, os sensores menores tem evoluído rapidamente, chegando a se comparar a sensores imediatamente maiores de gerações anteriores. Por isso, o grande diferencial na fotografia tem sido, cada vez mais, o uso de boas lentes, que permitem obter o melhor resultado do sensor que se tem na câmera. Mas nem sempre é necessário começar a comprar muitas lentes indiscriminadamente. A compra delas deve estar associada à sua necessidade e estilo de fotografia.

Em linhas gerais, três são os principais fatores que definem a qualidade de imagem de uma câmera:

  • Profundidade de cores (color depth) - relacionada com a quantidade e qualidade das cores que o sensor consegue captar;
  • Alcance dinâmico (dynamic range) - define a latitude de captura de cores de um sensor, a diferença entre a informação mais clara e a mais escura no assunto capturado;
  • Desempenho ISO (ISO speed) - reflete a capacidade da câmera de tirar boas fotos em situações de pouca luminosidade.

No site do DxOMark, existe uma ferramenta que permite comparar os testes realizados em sensores de diferentes câmeras. Dá para acessar clicando aqui.

Exemplo de como o DxO Mark apresenta os seus testes de sensores.

Sistema de foco


Sistema de foco é algo que pesa mais quando se está à procura de uma câmera que não seja compacta. Mirrorless e DSLRs possuem diferentes sistemas de foco automático, com diferentes características, que impactam na velocidade e precisão do foco no momento da captura da imagem. Normalmente, qualquer sistema de foco atende bem, a não ser que seja necessário o uso em situações extremas em que o foco precise ser muito veloz e preciso ao mesmo tempo. No site Cambridge in Colour, uma comunidade de aprendizado de fotografia possui, dentro muitas outras informações, uma breve explicação sobre como funciona o foco automático e acho bem útil quando estiver avaliando os diferenciais entre as suas câmeras candidatas. Recomendo ler todos os artigos e tutoriais a disposição no site deles à medida que for adentrando o mundo da fotografia.

Exemplo de disposição de pontos de foco no quadro de uma câmera qualquer. 
Fonte da imagem: Cambridge in Colour


Velocidade de Operação

A velocidade de operação de uma câmera envolve diferentes fatores úteis em distintas situações de uso. Sob o ponto de vista da minha experiência, eu diria que os seguintes fazem mais diferença no dia a dia:


  • Tempo de inicialização - o tempo decorrido entre você ligar a câmera e estar apto a tirar uma foto;
  • Tempo de atraso entre fotos - o tempo que leva para estar apto a tirar uma foto após a anterior (diferente de modo burst, onde a câmera tira mais de uma foto por segundo quando se aperta o botão, este tempo indica o tempo apertando e soltando o botão);
  • Fotos por segundo - a capacidade a câmera em tirar diversas fotos por segundo (medido em fps - frames per second).


Uma diferença absurda é percebida quando se compara uma compacta simples com câmeras mais avançadas. Entre DSLRs e mirrorless modernas essa diferença já não faz tanta diferença prática, a não ser que o tipo de fotografia que a pessoa faça exija que esses fatores sejam muito tops. Aí, é bom preparar o bolso.

Sistema de lentes


A partir do momento em que se decide sair de uma câmera compacta para uma câmera de lentes intercambiáveis, é fundamental ter em mente que cada fabricante tem o seu sistema de lentes e que, com exceção de Panasonic e Olympus que compartilham o consórcio m4/3 (micro quatro terços ou micro four thirds), não são intercambiáveis entre si. Canon, Nikon, Sony e Pentax, dentre outros, possuem baionetas (formato do encaixe das lentes) próprias e as lentes devem ser compatíveis. 

Como alternativas às marcas proprietárias das baionetas, existem fabricantes especializados em lentes para as câmeras dos grandes fabricantes, que vão desde fabricantes mais acessíveis como Sigma, Tamron e Tokina até opções mais caras que as marcas das câmeras, como Zeiss. O bom é que existem inúmeras opções para todos os gostos e bolsos, principalmente quando se fala de DSLRs.

Exemplo de lente da Tokina montada em uma câmera da Nikon.

Atualmente, os sistemas com maior disponibilidade de lentes e acessórios são Canon (baionetas EF e EF-S) e Nikon (baioneta F), sendo que a Canon apresenta uma variedade de lentes ligeiramente maior, como por exemplo, lentes tilt and shift (TS) para controle de perspectiva e inclinação.

Exemplo de lente TS da Canon. A Nikon possui lentes parecidas, chamadas PC-E. 
A Samyang possui lentes deste tipo tanto para Canon quanto para Nikon. 
Fonte da imagem: B&H Photo and Video.

Os sistemas sem espelho tem evoluído rapidamente em termos de lentes, especialmente o consórcio m4/3 e a Fuji com o seu sistema X. Já colocaram ótimas opções de lentes no mercado e possuem uma lista de promessas muito interessantes. Como são sistemas focados em aliar boa qualidade de imagem com portabilidade, ainda não provêm uma diversidade de lentes como a Canon/Nikon, focando em lentes que são utilizadas pela maioria das pessoas e não coisas mais específicas. A Sony também oferece ótimas opções tanto com o seu sistema de DSLR/SLT com baioneta A (alpha), herdado da Minolta, como nas mirrorless E e FE, nos quais tem concentrado maior poder de fogo ultimamente.

Além dos sistemas aqui citados, existem muito outros, que acabam não entrando em muitos comparativos pela sua pouca popularidade ou altos preços, como os sistemas da Leica, Mamiya Phase One, Pentax 645, dentre outros, que são muito apreciados pelos seus usuários pela excelente qualidade que oferecem.

Portabilidade e Disponibilidade de acessórios


Com o que já foi exposto até aqui, dá para se ter uma noção de que a portabilidade está intrinsecamente associada ao tamanho do sensor. As câmeras de médio formato são gigantes para o que a maioria das pessoas se propõe a fazer, sendo que as câmeras mais portáteis vão reduzindo de tamanho gradativamente desde FF até as compactas de bolso. 

O sistema m4/3 é, hoje, sem dúvida o que oferece o melhor balanço entre qualidade e portabilidade. A partir de sensores APS-C, as lentes, em especial as lentes com zoom, acabam tornando o conjunto mais volumoso. Para quem gosta de fotografar em um estilo mais retrô, com bastante controles manuais, o sistema X da Fuji é bastante atrativo.

Fuji X-T1, modelo mais recente da linha X da Fuji. 
Fonte da imagem: dpreview.com

As DSLRs, porém, são imbatíveis quando o quesito é disponibilidade de acessórios. Por se tratarem de sistemas há mais tempo no mercado, existem inúmeros modelos e marcas de flashs, disparadores remotos, lentes de terceiros, sistemas de filtros, etc. que são compatíveis com elas. Para quem pensa em começar a trabalhar profissionalmente, as DSLR ainda são, sem dúvidas, o caminho mais seguro a seguir. Com a experiência e a depender do tipo de fotografia que venha a desenvolver, é possível que obter excelentes resultados com qualquer dos sistemas citados.

Para portabilidade de bolso, porém, as opções mais viáveis vão desde as compactas até as m4/3. Existem compactas com desempenho muito bom, que conseguem entregar excelentes resultados apesar do tamanho de sensor reduzido. As câmeras com sensores APS-C ou FF, quando acopladas com as lentes não cabem no bolso.

Panasonic GM1, modelo criado para os que priorizam portabilidade. 
Fonte da imagem: dpreview.com

No Camera Size é possível comparar o tamanho das câmeras com ou sem lentes. 
No DPReview é possível comprar as diversas características de diversas câmeras.

Acredito que até aqui tenha sido possível entender as características que considero mais importantes a se levar em conta quando estiver se decidindo entre dois ou mais modelos de câmera para comprar. No próximo post apresentarei uma divisão de categorias de câmeras do modo que entendo como mais fácil de entender, para situar o futuro comprador em relação a qual câmera comparar diretamente com qual e, eventualmente, comparar indiretamente também.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fevereiro. Já?

O ano mal começou e já estamos em Fevereiro! Passou tão rápido que nem deu tempo preparar um post para o blog no mês de Janeiro. Eis que, depois de um mês pouco produtivo em termos de fotografia, consegui realizar uma saída fotográfica semi planejada. Digo semi, pois apesar de ter verificado algumas informações com antecedência, como tempo, localização geográfica que queria visitar e sobre nascer e por do Sol e da Lua, acabou sendo uma visita rápida, realizada no meio da tarde, entre 13:00h e 16:00h. Como não havia companhia para o passeio, resolvi não arriscar horários de pouca luminosidade.

Mesmo assim, o passeio foi bastante proveitoso para voltar a fazer fotos principalmente, mas também para conhecer melhor o lugar para um futuro retorno e praticar algumas técnicas. Foi a primeira vez que utilizei o polarizador circular que já estava em mãos desde o final de Agosto do ano passado e finalmente aprendi como utilizar a ferramenta de clone do GIMP para tirar as manchas de poeira no sensor (ou na lente, ainda não descobri ao certo). A partir deste video no Youtube, foi possível corrigir as imagens. Agora é aprofundar um pouco mais no assunto para ver se descubro uma maneira mais prática.

Então, falando brevemente sobre o planejamento, comecei com algumas buscas no Google sobre o que havia de interessante na cidade em termos de natureza e a região serrana pareceu-me muito atrativa. O tempo está muito limpo esses dias, sem sinal de chuva, o que facilita bastante as coisas. Como a intenção inicial era conseguir fotografar o nascer do sol, que é uma das minhas metas ainda não realizadas, utilizei um programa que gosto muito e que nos permite visualizar os horários de nascer e por do sol e da lua, assim como as fases desta e ângulos de incidência em qualquer lugar do mundo. Para quem ainda não conhece, acho interessante visitar o site do The Photographer's Ephemeris. É gratuito para desktop e tem versões pagas para smartphones e tablets. É bem simples e intuitivo de se utilizar e requer apenas que se instale o Adobe Air.

Tela do TPE - The Photographer's Ephemeris

Com o objetivo de estar preparado para fotos de paisagem, algo imprescindível é o tripé. O uso de filtros ND graduados foi também previsto, pois pretendia tirar fotos do nascer do Sol e seria uma ótima forma de balancear a luz in loco, sem precisar recorrer a técnicas computacionais. Porém, efetivamente durante o passeio foram utilizados, além da câmera e da Tamron 17-50mm, um filtro polazirador B+W 77mm Kaesemann, um adaptador para o diâmetro da lente, B+W 72-77mm Step-Up Ring, e um tripé simples Sony VCTR640 Light Weight. Em alguns momentos, com o vento, senti que um tripé mais robusto e estável pode fazer diferença.

É importante também estar preparado em relação a alimentação e água. Como estava indo para uma locação próxima, apenas levei água, mas a depender da distância acho que seria um item a entrar na lista.

No pós processamento das fotos abaixo, foram feitos ajustes básicos de exposição, contraste e vibrancy. Fiz algumas fotos usando o recurso de bracketing também para treinar um pouco HDR depois, mas não estão entre as apresentadas abaixo. Quando conseguir algo positivo com esta técnica, certamente será assunto de um post aqui.

35mm, f/11, 1/30s, ISO 100

35mm, f/11, 1/125s, ISO 100

17mm, f/11, 1/80s, ISO 100

17mm, f/16, 1/3s, ISO 100

50mm (foi aplicado um crop), f/11, 1/25s, ISO 100

17mm, f/11, 1/125s, ISO 100