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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Série Passos Na Fotografia - Com Que Câmera Eu Vou? Parte 2

Nesta segunda parte do primeiro assunto da Série Passos Na Fotografia, iniciada no post anterior, descrevo as categorias de câmeras fotográficas de maneira a tornar mais compreensível as comparações entre modelos, tanto de maneira direta, quanto indireta. É importante entender as categorias, assim como os recursos de cada câmera para tornar as comparações mais equalizadas em relação ao preço de cada equipamento e a sua necessidade. Os modelos são aqui citados como exemplos e não como os melhores, pois isso apenas a sua necessidade e orçamento poderão definir. Vale lembrar que há uma grande variedade de modelos disponível em cada categoria e, ainda, categorias que não abordarei aqui como as câmeras mais caras da Leica e câmeras de médio formato(Mamiya Phase One, Pentax 67D, Leica S, etc.).

Digitais Compactas


Esta categoria, certamente, é a mais popular em nossa sociedade devido ao custo reduzido, portabilidade e facilidade de uso, que são atrativos para quem quer uma câmera apenas para fazer registros pessoais sem maiores ambições. Tradicionalmente, são consideradas compactas câmeras de tamanho reduzido que não permitem troca de lentes. São câmeras que, em sua grande maioria, possuem sensor pequeno, variando entre 1/3" a 2/3" de diagonal, sendo que a maior parte das compactas baratas disponíveis no mercado possuem sensor de tamanho 1/2.33". 

Exemplos de compactas avançadas com sensores de tamanho 1/1.7", 2/3", 1" e 1.5".

Devido à grande limitação de qualidade de imagem que é possível alcançar com tamanhos reduzidos de sensor, as compactas mais básicas, com sensores de tamanho entre 1/3" e 1/2.33" principalmente, perderam muito espaço para as câmeras de smartphones recentemente. As compactas avançadas, geralmente com sensores entre 1/1.7" e 2/3", ainda atraem os que procuram um pouco mais de qualidade associada à portabilidade das compactas, mas que não podem ou não querem dispender grande quantidade de dinheiro em uma câmera. 

Exemplos de compactas super avançadas, bastante especias com sensores de tamanho APS-C e FF. Para ser possível manter o tamanho relativamente compacto, essas câmeras possuem lentes fixas (sem zoom).

Em decorrência dessa concorrência cada vez mais acirrada das câmeras dos celulares, os fabricantes têm investido bastante em tornar as compactas avançadas mais atrativas para servir tanto de câmera principal para quem está com um orçamento curto, como para ser a segunda câmera de fotógrafos, para momentos em que queira tirar um descanso do peso do equipamento grande. Com isso em mente, existem hoje opções de compactas com sensores de 1", APS-C e até FF. Claro que o tamanho do sensor vem com o preço associado, chegando a se comparar com preço de DSLRs em alguns casos.

Câmeras Superzoom


As superzoom são câmeras que são comercializadas no Brasil como semi profissionais. Acredito que usaram essa estratégia para justificar o preço elevado frente às compactas convencionais, além do seu porte geralmente maior, tanto por questões de estética como por melhor ergonomia. Mas, as superzoom são montadas com base em sensores pequenos, usualmente de 1/2.3", chegando atualmente a um máximo de 1", para permitir o tamanho reduzido de lente para tanto zoom. As mais recentes chegam a ter 60X de zoom óptico. Isso em uma DSLR seria enorme. Entretanto, a combinação de sensor pequeno com os compromissos ópticos que se assume para se obter esse zoom em uma única lente acaba prejudicando a qualidade da imagem. Portanto, são indicadas para aqueles que queiram uma câmera versátil e portátil, mas com um alcance de zoom muito longo. Para os que procuram uma qualidade de imagem melhor, é mais indicado pegar uma compacta premium com sensores de tamanho a partir de 1/1.7".

A Sony HX1 com os seus impressionantes 20X de zoom óptico para a época foi a câmera que despertou o meu interesse por fotografia. Hoje também já existem superzooms de tamanho mais compacto, além de um aumento gradual de alcance do zoom de algumas compactas avançadas.

Mirrorless (Câmeras sem Espelho)


As câmeras mirrorless tornaram-se muito populares ultimamente como uma alternativa portátil e de qualidade às DSLRs (Digital Single Lens Reflex, que possuem sistema de espelho para realizar funções essenciais à fotografia, como medição de exposição e foco). Essas câmeras caíram nas graças dos fotógrafos pela qualidade que os seus fabricantes têm dedicado aos modelos desses sistemas, aliado ao tamanho reduzido em relação às DSLRs, que foi possível devido à remoção do espelho. As perdas funcionais dessas câmeras em relação às reflex, como velocidade e precisão de foco, não chegam a ser comprometedores para a grande maioria dos amadores. Com a recente evolução desses sistemas, alguns fotógrafos começaram a usá-las profissionalmente inclusive.


Símbolo do sistema micro 4/3 formado por mirrorless Panasonic e Olympus.

Assim como nas reflex, cada fabricante optou por lançar o seu sistema de lentes, sendo que a Panasonic se uniu à Olympus no chamado consórcio micro four thirds (micro 4/3 em referência às dimensões do sensor adotado). Listo abaixo os nomes dos sistemas de baionetas (mounts) de mirrorless dos principais fabricantes:

  • Canon - mount EF-M (sensor APS-C)
  • Fujifilm - série X (sensor APS-C)
  • Nikon - sistema 1 (sensor de 1")
  • Panasonic e Olympus - m4/3 (sensor 4/3")
  • Samsung - modelos NX
  • Sony - NEX E mount (sensor APS-C)
  • Sony - mount FE (sensor FF)

A Pentax arriscou um modelo sem espelho mantendo o seu tradicional mount K, mas não há sinais de continuidade de investimento neste segmento, pelo menos por enquanto.

A Sony Alpha 7R foi a primeira mirrorless de lentes intercambiáveis a portar um sensor FF. Devido ao tamanho do sensor, o ganho em termos de portabilidade é alcançado com o uso de lentes de distância focal fixa. Visando redução de tamanho, a Sony criou o novo mount FE em vez de utilizar o tradicional mount A das DSLRs/SLTs da marca.


DSLR


As DSLRs (Digital Single Lens Reflex ou Câmera Reflex Monobjetiva Digital) são, provavelmente, o que a maioria de nós conhecemos como câmeras profissionais. Não sou muito adepto ao uso dessa terminologia, pois qualquer câmera pode ser usada profissionalmente, gerando algum tipo de receita para o fotógrafo (hoje em dia há fotógrafos que usam seus smartphones!). Como já citado antes, o uso de mirrorless está também se tornando comum entre alguns ramos da fotografia profissional. Porém, o termo é cunhado no intuito de indicar que essas câmeras possuem recursos que otimizam e facilitam a vida dos profissionais. O grande diferencial técnico ainda é em relação aos sistemas de foco das DSLRs tops que as mirrorless ainda não atingem, mas que já competem com as reflex de entrada e, também, a disponibilidade de acessórios.

Geralmente, há uma subdivisão de categorias no mundo das DSLRs, situando os modelos entre os ditos de entrada, intermediárias e avançadas. Essa subdivisão está tradicionalmente associada aos recursos disponíveis em cada segmento, sendo que as de entrada e intermediárias usam sensores APS-C e as avançadas FF. Há, porém, variações de acordo com cada fabricante. A Pentax, por exemplo, não possui uma DSLR com sensor Full frame, mas as suas câmeras apresentam recursos muito avançados, incluindo selamento ao tempo (weather sealing). Canon e Nikon recentemente introduziram ao mercado câmeras FF de entrada, com preço ligeiramente acima das intermediárias com sensor APS-C. 


O nome desse tipo de câmera deve-se ao sistema de espelho utilizado para captura de imagem. 
Fontes das imagens: ricardovilelaphotography e wikipedia.

Por se tratar de um tipo de câmera que existe desde os tempos de filme, tendo fundamentalmente mudado a película pelo sensor, a disponibilidade de acessórios e lentes para DSLRs, seja das marcas proprietárias, de terceiros, ou ainda através de adaptadores é muito grande. A Nikon mantém o mount F até hoje e suas câmeras são compatíveis com as lentes da marca fabricadas desde 1959. A Canon, apesar de ter decidido mudar o mount quando criou o sistema EOS compensou seus usuários com uma variedade e qualidade lentes que supera qualquer outro sistema. E, ainda, é possível utilizar uma grande quantidade de lentes manuais antigas através de adaptadores. A Pentax tem o seu espaço no mundo muito devido a sua manutenção do mount K, que dispõe de uma boa variedade de lentes. Já a Sony entrou no mercado das DSLRs há alguns anos comprando a Minolta e herdando dela o mount A, usado em sua linha Alpha de DSLRs e SLTs. A Olympus fez sua incursão no mercado das DSLRs usando um sensor 4/3. Aparentemente, o resultado financeiro não foi bom e o foco da empresa em sido o sistema mirrorless micro 4/3.

SLT


SLT (Single-Lens Translucent) é a designação da Sony para as suas câmeras com um sistema de espelho semitransparente fixo. Em vez de ser um espelho móvel como nas DSLRs, neste tipo de câmera, o espelho permanece fixo, desviando apenas parte da luz para o sistema de medição/foco e a maior parte segue para o sensor continuamente. A grande desvantagem desse sistema é a perda de 1/3-stop de luminosidade na captura da imagem devido à porção refletida pelo espelho. Mas, devido ao espelho fixo é possível alcançar altas taxas de imagens por segundo (fps) e manter autofoco por detecção de fase continuamente durante captura de video e usando o live view. A Sony possui modelos com sensores APS-C e FF.

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