Neste post vou compartilhar a experiência do meu terceiro projeto do ano em mais uma viagem de conciliação de turismo e fotografia. A viagem para Mendoza era um pouco diferente da
anterior, pois se trata de uma cidade grande, tendo a produção de vinho como um de seus maiores atrativos. Contudo, a parte de maior interesse fotográfico estava nas montanhas. Havia dois dias em que faríamos viagens para fora da cidade, um para a Reserva Villavicencio a aproximadamente 50 km da cidade, no outro, iríamos até a fronteira com o Chile, percorrendo um trajato de cerca de 180 km desde o centro da cidade.
Correndo o risco de ser repetitivo para quem já leu os posts anteriores, os objetivos fotográficos para esta viagem consistia em melhorar alguns aspectos identificados anteriormente (
aqui), sobre os quais escreverei um pouco mais na sequência.
- Cores: obter cores fiéis à realidade, ajustando o balanço de branco adequadamente no arquivo RAW posteriormente.
- Exposição: obter melhores exposições considerando os limites de recuperação de imagem do sensor da câmera e fazer uso de filtro graduado de densidade neutra para equilibrar a luz.
- Composição: tomar o tempo possível para pensar a composição, buscando melhor harmonia entre os elementos dentro do quadro.
- Foco: maximizar a profundidade de campo nas fotos para obter resultado mais nítido.
Cores
A época era fim de Maio, quando ainda não era inverno, mas já se podia observar muita neve nas montanhas. Diferente das paisagens da Ruta de los Siete Lagos, a vegetação é bastante escassa e mais no alto das montanhas, praticamente inexistente. Era fundamental conseguir um bom balanço de branco para poder ressaltar as poucas cores disponíveis. A cidade arborizada permitia também captar um pouco da coloração já de final de outono.
Parque San Martin. 35mm f/5.6, 1/200s, ISO 100.
Neve próximo à fronteira com o Chile. 24mm, f/8, 1/125s, ISO 100.
Exposição
Uma das coisas mais difíceis de conciliar em uma viagem não fotográfica é o horário das fotos, pois temos que aproveitar o momento e nem sempre (ou quase nunca) estamos em um local fotográfico ao nascer ou pôr do sol. Geralmente, temos que fazer o melhor possível com a luz do meio dia. Algo que me ajuda muito nesses momentos é o filtro graduado de densidade neutra, equilibrando um pouco o contraste imposto pela luz dura. O resultado é muito mais agradável e possibilita conseguir melhores cores. Para melhorar a
fotometria, tentei aplicar o sistema de zonas dentro do possível, geralmente deixando as nuvens e/ou a neve com o fotômetro entre +1.7 EV e + 2 EV. Quando não acertava a exposição diretamente, o que era difícil conferir pelo LCD, deixava próximo o bastante para não introduzir ruído em leves ajustes no pós processamento.
Cena com sol bastante forte, filtro GND usado para balancear céu e terra. 17mm, f/8, 1/250s, ISO 100.
Cena com sol bastante forte, filtro GND usado para balancear céu e terra. Resultado de cores bem fiéis à realidade. 35mm, f/8, 1/250s, ISO 100
Composição
O visual da viagem era incrível e, apesar de contraditório, acho bastante desafiador conseguir fotos boas quando a paisagem é assim tão fácil. Então, buscava dispor o assunto de maneira a tornar a imagem mais interessante do que uma simples foto de montanha coberta de neve. Encontrar o melhor ponto, conseguir posicionar-se ou armar o tripé demanda um certo tempo que nem sempre temos neste tipo de viagem.
Trilhos, pedestre, tambor e placa compondo cena com as montanhas. 50mm, f/8, 1/100s, ISO 100.
Usando as linhas da estrada. 14mm, f/8, 1/160s, ISO 100.
Foco
O ideal para fotos de paisagem, quando se quer colocar o máximo possível em foco, é escolher a distância
hiperfocal para a cena. Sem entrar muito no mérito do assunto, que poderia ser tema para um tópico completo, para cada distância focal e abertura existe uma distância que maximiza a profundidade de campo quando se focaliza nela. Na prática, tentava usar uma regra geral de focar em um ponto a aproximadamente 1/3 do final da cena. O uso de grande angular e abertura pequena ajudam muito neste caso.
Córrego entre montanhas no Parque Provincial Aconcagua. 17mm, f/8, 1/125s, ISO 100.
Estrada com montanhas ao fundo. 82mm, f/8, 1/400s, ISO 100.
Um pouco de tudo
Os melhores resultados, sem dúvida são os que conseguimos reunir as condições técnicas com os objetivos que se tem em mente, levando a um resultado acima da média. Neste sentido, escolheria a foto abaixo como a que mais me agradou entras as tantas realizadas.
Trilhos e postes em meio à cordilheira dos andes. 22mm, f/8, 1/200s, ISO 100.
Experimentar um pouco no pós processamento também pode resultar em coisas interessantes, sair um pouco do comum. Algo que comecei a testar e que uso muito pouco, mas que gosto quando é compatível com o assunto é a simulação de filmes disponibilizada por alguns programas. No caso da imagem abaixo, utilizei uma simulação de filme do DxO Filmpack para dar um tom velho à imagem de uma cena com vegetação de arbustos, praticamente marrom.
Caminho para a Reserva Villavincencio. 35mm, f/8, 1/320s, ISO 100.
Checklist
Uma maneira de conseguir consistencia nos resultados é criar um checklist de itens que fazem diferença quando saímos determidados a fazer algum tipo de fotografia. É algo muito importante, principalmente, quando não se fotografa com tanta frequência e que pode fazer a diferença entre uma foto bem sucedida e perder todo um esforço. Para fotos de paisagem, comecei um checklist pessoal que certamente se transformará em um post quando estiver mais completo.
- Tripé - fundamental, usar sempre que possível.
- Desligar o VR quando a câmera estiver montada sobre o tripé
- Manter ISO o mais baixo possível
- Filtros GND - utilizar sempre que envolva cenas com alto contraste, como envolvendo céu e terra
- Filtro polarizador circular - usar para enriquecer cores e eliminar reflexos
- Usar self-timer para reduzir tremor com a câmera montada em tripé